Eu queria mesmo, ó grande mar azul
que conhecesses o meu cabelo solto ao vento,
tão parecido com o teu pensamento
livre, crescendo sempre…
Eu fazia questão que ouvisses o meu soluço abafado
como de tuas ondas,
que mal põem à tona a cabeça o vento esmaga.
Eu queria, afinal, que me visses despida
com a tua correnteza que passa
sem pudor ou malícia – transparente.
Tu reconhecerias
no contorno transluzente do meu corpo
a desordem ritmada da tua carícia que minha mãe bebeu
no dia em que se banhou nas tuas espumas,
quase ao me dar à luz,
e mergulhou, afinal, sondando-te a profundidade,
onde encontrou minhalma!
Adalcinda Camarão, Antologia Poética
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