Não quero mais amar Jonathan.
Estou cansada deste amor sem mimos,
destinado a tornar-se um amor de velhos.
Oh! nunca falei assim —
um amor de velhos.
Ainda bem que é mentira.
Mesmo que Jonathan me olvide
e esta canção desafine
como um bolero ruim,
permaneço querendo a bicicleta holandesa
e mais tarde a cripta gótica
pra nossos ossos dormirem.
Ó Jonathan,
não depende de você
que a cornucópia invisível jorre ouro.
Nem de mim.
Quero enfear o poema
pra te lançar meu desprezo,
em vão.
Escreve-o quem me dita as palavras,
escreve-o por minha mão.
Adélia Prado, A faca no peito
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