Adélia Prado

Adélia Prado – Nem parece amor

adélia prado
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Perdi a conta das vezes
que retomei esta escritura
sem avançar de sítios pantanosos,
tomando por melodia
o que era um ranger de ferros
de máquina contristada em seu limite.
Foi ontem e já tem cem anos,
faz um minuto só,
foi agora e foi nunca,
jamais aconteceu,
não há, não houve,
o que não tem palavras não existe.
De quem é então esta pegada?
Este filete de sangue?
Masturbações, risadas,
caretas no escuro, aliterações picarescas,
comem do meu cansaço em mesa farta.
Aquele que não responde
trata-me como a um cão
que por não ter aonde ir
se enrodilha aos Seus pés.

Adélia Prado, Poesia reunida

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1 Comentário

  • Responder
    Jaqueline (@sertodapoesia)
    18/02/2022 at 09:37

    Como vocês interpretam esse poema? O que ele diz a vocês?

  • Deixe uma resposta

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