Prazer em receber teus beijos estéreis, tuas mentiras escamadas
teus lugares-comuns que revelam verdades viáveis
que duram pela brevidade eterna da tua presença
teus esboços de certezas concretas
que delineiam teu, o nosso caráter sutil e desencorpado
Prazer em abrir corpo e ouvidos para as tuas ordens
infantis de adulta mimada, general que impõe as estratégias de
uma criança
que conquistou sua autoridade pelos caprichos do corpo,
pela curva dos quadris
pela angulação torta do pensamento
por descaminhos reveladores de tua superfície mais oculta
abonadora de tuas virtudes disfarçadas de vícios cativantes
Na melodia das dissonâncias da tua voz, o prazer imediato da
curva que
não te define, da linha oblíqua que oferece o caminho torto que
não te alcança
e que deslumbra os transeuntes que topam com tua natureza
morta,
sempre ressuscitada pela autópsia de corpos retos, elementares,
mortos pelas tuas tangências.
Adrilles Jorge, Antijogo
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