Eu te amo aos pedaços, fatiada
ao acre tempero da ilusão
entranhada no desgosto do nada
desejada nos desvios do não
Amo em ti a negativa atávica
atada ao meu reflexo martirizado
Amo tua sombra previamente trágica
fossilizando meu futuro macerado
Amo o desvelo dos descaminhos cruzados
percorrendo a pele ilícita do teu corpo etéreo
Amo a tortura do tempo nos olhos varados
ressoando nas vísceras de um feto funéreo
Amo a frágil inconsistência de um fracasso
realizado às margens de um toque consumado
Amo, qual Cristo, crucificar-me em quase abraço
a revelar a insânia de um amor crucificado.
Adrilles Jorge, antijogo