Por muito próximo não se vê
o que se esconde
no espectro que turva
ou reinventa uma verdade palpável
Por dentro se percebe
o planeta como centro
que ao longe se descobre
poeira no universo
Por muito próximo
não se toca
a contemplação do todo
no corpo do desejo
da plenitude da obra
que se esconde no detalhe
Por muito perto se sente
a mão que acalenta
a pele da vontade
na carne da escultura
e por incerta distância se sente
a lâmina que esfaqueia a tentativa
empunhada pela mesma mão
que golpeia a projeção
e retalha a intenção
Por dentro, não nos vemos
Por fora, da visão do outro
nos atalhamos e nos criamos
Por invisível se esconde
a distância que conceberia
a arte do juízo
que se quebra
por se espreitar sempre próximo
o medo de ser só
distante da ilusão
que nos aproxima
de nossa fraterna colisão.
Adrilles Jorge, Antijogo