Afonso Celso

Afonso Celso – No Baile

Ontem ao contemplá-la decotada,
Ao primor do seu colo descoberto,
Senti-me tonto, da vertigem perto,
Fremente o pulso, a vista deslumbrada.

E, como em láctea fonte perfumada,
Sorvi-lhe sonhos mil no seio aberto,
Com a sede de um filho do deserto
Que encontre enfim a linfa suspirada.

Giram em derredor das níveas flores,
Sofregamente, insetos zumbidores…
– Meus desejos então foram assim…

Mas arredei os olhos, de repente,
Pois meu olhar podia, de tão quente,
Crestar-lhe a fina cútis de cetim!

Afonso Celso, Amar, Verbo Atemporal

Tudo é Poema

Ver Comentários

  • Magnífico soneto, li e reli, Sou apaixonada pela Lya Luft, estava procurando o poema Ame. E encontrei esta primorosa página.

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Paul Auster – Fala ígnea

Defletes. Desmoronas. Tu… Leia Mais

7 dias atrás