Não há nenhum Virgílio a me guiar
no inferno nem nenhuma Beatriz,
movida por amor, a me salvar
no Paraíso: em meu caminho, estou
sozinho. No lugar que não tem sombras
sem sol nem sol sem sombras, no lugar,
em baixo, sinto o asfalto, em cima, o céu,
no meio estou e nem sei mais se estou.
De tão pequeno, sou ainda menos
que nada. Nada sou. Ou um qualquer
sem nome, musa, deus, inferno ou guia.
Ou um qualquer, no meio do caminho
de sua vida sem começo ou fim,
sem se encontrar achado nem perdido.
Alberto Pucheu, Mais cotidiano que o cotidiano
1 Comentário
MARIA CLOTILDE ANDREOTTI ZINGALI
08/09/2024 at 18:50somos todos.. o meio. os meios por assim dizer. alforjes de nos carregar.