Eu amo tanto essa mulher morena
e linda que surge nas ondas do mar.
E ela vem – e de longe me acena –
do reino das águas de Yemanjá.
Eu lhe ofertei uma rosa vermelha
para saber se ela ainda me quer.
– Sereia morena, olhar de esguelha,
tu não queres ser minha mulher?
Ela veio, beijou a rosa e me sorriu,
mas só me deu um punhado de areia.
Depois mergulhou, num gesto sutil,
atrás da pedra que a maré margeia.
Uma luz surgiu nas ondas, a meu lado,
– e eram cores e sombras da lua cheia.
Eu senti correr no rosto o calor salgado,
dois versos de meus olhos sobre a areia.
Eu supliquei: vem a mim, mulher amada,
vem receber esta joia rara, perante o mar:
é meu coração que palpita em disparada,
e só existe em meu corpo para te amar.
Aleilton Fonseca, Amar, Verbo Atemporal
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