Alice Sant ́Anna

Alice Sant’Anna – Os primos

Alice Sant ́Anna
image_pdfimage_print

era número 48 a casa amarela
uma escadinha e uma árvore
bem pequena na varanda
que de vez em quando dava jabuticaba
tão mirrada que nem em faz de conta a gente
sentia gosto de fruta
todo dia era dezembro na rua
miguel pereira mesmo quando chovia mesmo
naquele dia do tombo
de patinete o meu grito ecoando
e o seu espanto até quando a gente
discordava da cor de certas tardes ou quando
aprendeu junto a deslizar nas bicicletas
alguma coisa sempre escurecia
de noite uma vontade de ficar um pouco mais
os carros dos pais que chegavam
como besouros lentos e gordos
os carros que não deviam
não podiam

Alice Sant’Anna, Rabo de baleia

Você gostou deste poema?

Você Pode Gostar Também

Sem comentários

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.