era número 48 a casa amarela
uma escadinha e uma árvore
bem pequena na varanda
que de vez em quando dava jabuticaba
tão mirrada que nem em faz de conta a gente
sentia gosto de fruta
todo dia era dezembro na rua
miguel pereira mesmo quando chovia mesmo
naquele dia do tombo
de patinete o meu grito ecoando
e o seu espanto até quando a gente
discordava da cor de certas tardes ou quando
aprendeu junto a deslizar nas bicicletas
alguma coisa sempre escurecia
de noite uma vontade de ficar um pouco mais
os carros dos pais que chegavam
como besouros lentos e gordos
os carros que não deviam
não podiam
Alice Sant’Anna, Rabo de baleia
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