Allan Dias Castro – Cais de porto
As pessoas que menos tentam mudar quem a gente é, em
geral, são as mais seguras de quem elas são.
Mesmo quando a gente se sente perdido,
À deriva mesmo, indo com a maré,
E quer agradar todo mundo para tentar uma aproximação
E se afasta tanto da gente mesmo que já nem dá pé,
Surgem pessoas na nossa vida que são como um cais.
Elas não tentam impor uma direção,
Não exigem uma explicação
De onde você veio ou para onde vai.
Simplesmente te aceitam e estendem a mão
Para você finalmente voltar a respirar.
Aí fica claro: se identificar com alguém de verdade
Significa respeitar sua identidade.
Quando a gente encontra na vida um cais de porto,
O encontro mais parece um reencontro.
Não tem muita explicação,
Por mais que a pessoa seja diferente,
A gente sente essa identificação.
Não importa o tamanho do problema que carrega,
Todo mundo tem algo em comum.
Basta ter a grandeza de respeitar o momento de cada um.
Aí é como se até as diferenças se encaixassem de forma
natural.
É uma sensibilidade de se ver no outro e ser o outro,
Não necessariamente sendo igual.
É só a gente lembrar que a vida é maré:
Respeito vai, respeito vem.
Porque todo mundo traz em si suas tempestades,
Mas também a possibilidade dos dias mais lindos.
Assim, quem um dia foi o cais
No outro vai ser bem-vindo.
Allan Dias Castro, Voz ao verbo – Poemas para calar o medo