Meu pai tinha um sonho,
Queria ser cantor.
Quando abriu os olhos,
Muito tempo passou.
Hoje, quando ele canta,
Sua voz é contida
Pelo nó na garganta,
Pelo rumo da vida.
Ele me deu um conselho:
“Sempre sonhe acordado
Para, quando olhar no espelho,
Não enxergar o passado.”
Canta, meu pai,
Tudo que você fez me mostrou como se faz.
Já entendi que o tempo não volta
Nem olhando para trás.
Canta, meu pai,
Mesmo aí no teu canto, a sós.
Porque foi te ouvindo cantar
Que encontrei a minha voz.
Allan Dias Castro, Voz ao verbo – Poemas para calar o medo
Sem comentários