É preciso remar.
O mar ensina:
Paciência aos que têm pressa,
Equilíbrio aos que já caíram,
Mas não deixaram de remar.
Para ganhar o mar,
É preciso perder o medo
E manter o respeito.
Mas é preciso remar.
O mar ensina:
É possível encontrar
A liberdade entre suas correntes.
Mas é preciso remar.
O mar ensina:
A maré de sorte só chega para quem
Entende que os ventos mudam de direção
E por isso não deixa de remar,
Porque ninguém aprende
A nadar na areia.
O mar ensina.
Mas é preciso remar.
Eu só peço fôlego
Para vencer a arrebentação
E entender que isso não significa
Competir com o mar.
Fôlego!
Para receber o mar.
Basta perceber a entrada, pedir licença
E aí, sim, ser recebido pelo mar aberto.
Fôlego!
Para lembrar que ondas e lágrimas
São feitas de água salgada.
Fôlego!
Para transformar tristeza em mar.
E se o caminho for longo?
Fôlego!
Para remar na volta.
Fôlego!
Para voltar a remar.
Allan Dias Castro, A monja e o poeta
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