Ficávamos sonhando horas inteiras,
com os olhos cheios de visões piedosas:
éramos duas virginais palmeiras,
abrindo ao céu as palmas silenciosas.
As nossas almas, brancas, forasteiras,
no éter sublime alavam-se radiosas.
Ao redor de nós dois, quantas roseiras!
O áureo poente coroava-nos de rosas.
Era um harpejo de harpa todo o espaço:
mirava-a longamente, traço a traço,
no seu fulgor de arcanjo proibido.
Surgia a Lua, além, toda de cera…
Ai como suave então me parecera
a voz do amor que eu nunca tinha ouvido!
Alphonsus de Guimaraens, Amar, Verbo Atemporal
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