Alphonsus de Guimaraens

Alphonsus de Guimaraens – Luar sobre a cruz da tua cova

Sonhei que estava no eremitério,
Rezando sempre rezas de cor.
E como o luar clareasse o chão do cemitério,
Pensei num mundo que é talvez melhor.

Branca de linho como um fantasma,
A torre grande era só tristeza.
E como envolta em luar, muito magoada e pasma,
Estava ao longe não sei que Princesa.

Era talvez a Desesperança,
Com o seu cortejo de sonhos maus.
(Demônios, dai começo à vossa contradança,
Vinde cantar os lânguidos solaus!)

“Certo o coração de tudo esquece,
Quando muitos anos são passados… “
E eu não te esqueço mais, alma da minha prece,
Que voaste para os mundos encantados!

“Eu sei que o amor sempre se renova, ‘
E que ninguém pode viver só… “
E como o luar clareasse a cruz da tua cova,
Vi o meu sonho transformado em pó.

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