Ele se foi de mim,
E hoje uiva nas estepes,
Solitário lobo,
Sem casa e sem pouso,
Tão longe de mim.
Ah, e eu te procurei,
E eu te quis por perto,
Num resgate
De peito aberto
Desse meu triste e imensurável
Deserto.
Lobo, se tu uivas
Em noites assim
De luar claro,
Algo estremece em mim…
Pois és a parte que me falta,
A que fugiu de mim
No dia em que nasci.
E eu espero,
E eu procuro,
Deixo a porta sempre aberta
E um bom naco de minha carne
Na esperança de rever-te,
Na esperança de juntar-me a ti,
Pedaço de minha alma.
Anseio pela alegria
De finalmente, reencontrar-te,
Parte ausente de mim,
Nem que seja
No limiar da incerteza,
No meu último dia,
Criatura Divina.
Ana Bailune, 15 Poemas Vol. I
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