Meu coração tem cabelos pretos,
pele morena, e só sente em compasso de espera.
Meu coração que sente em tudo
um leite condensado de águas.
Meu coração que te sabe em tudo,
no que flutua e no que é musical,
na velocidade dos carros,
na sensatez das árvores.
Condecorado de fardos e fadas,
meu coração inventou a malícia dos gatos.
Meu coração traça circunferências.
Meu coração que te lambe,
inútil, aos saltos,
ampliado agora de águas e begônias vivas.
André di Bernardi, Amar, Verbo Atemporal