Antonio Cicero

Antonio Cícero – Templo

Para que as Musas residentes lá no Olimpo
façam meus poemas palavras que desejem,
eu que, à sombra de um deus muito mais triste, habito
a fralda de uma montanha muito mais verde,

declaro não serem os versos que escrevo obras
de arte mas bases, paredes e donaires
de templos construídos com mãos e com sobras
de paixões, mergulhos, fodas, livros, viagens

(precário material com o qual é elaborado
tudo o que merece aspirar a eterna glória)
e — ainda com os seus andaimes — os consagro
a elas, às filhas alegres da Memória,

deusa que não é, como querem crer os néscios,
a guardiã do passado, com o qual pouco
se importa, mas antes a que nos oferece o
esquecimento quando canta o imorredouro.

Antonio Cícero, Guardar

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