Lembrar-me de ti
era inventar as rotas das viagens que desenhámos
nos vidros embaciados quando o sonho se confundia
com o sono da manhã.
Lembrar-me de ti
era desejar-te o corpo de rosas na praia branca
onde a nudez tinha segredos e os seios aureolados,
sóis de luz, cerziam os meus olhos.
Lembrar-me de ti
é esconder-te, ainda, no silêncio das verdades inteiras
onde nada se esquece para ser lembrado nos dias
vindouros onde gastaremos a pele.
Lembrar-me de ti
será prometer-te paciência quando a paixão resiste
aos fins de tarde depois dos pássaros misturarem
os sons no ancoradouro da espera.
António Vilhena, Templo do fogo insaciável
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