Meu sangue, do pragal das Altas Beiras,
boiou no Mar vermelhas Caravelas:
À Nau Catarineta e à Barca Bela
late o Potro castanho de asas Negras.
E aportou. Rosas de ouro, azul Chaveira,
Onça malhada a violar Cadelas,
Depôs sextantes, Astrolábios, velas,
No planalto da Pedra sertaneja.
Hoje, jogral Cigano e tresmalhado,
Vaqueiro de seu couro cravejado.
Com Medalhas de prata, a faiscar,
bebendo o Sol de fogo e o Mundo oco,
meu coração é um Almirante louco
Que abandonou a profissão do Mar.
Ariano Suassuna, Dez sonetos com Mote Alheio
1 Comentário
Gustavo Alencar Luna
03/09/2023 at 18:20São nossas origens! Alguns hoje detratam, torcem o nariz, mas as nossas raízes são os propósitos heróicos da Dinastia de Avis, da Ínclita Geração, do Infante D. Henrique e da sua Escola de Sagres, ou mais ainda, do próprio D. Afonso Henriques, que recebeu diretamente de Nosso Senhor a mensagem de que “não se apartará deles, nem de ti, nunca Minha misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas e eles, escolhidos por Meus segadores, em terras muito remotas.”. As grandes searas a que Jesus em aparição a D. Afonso no campo de Ourique mencionou não são outra coisa, senão a própria Terra de Santa Cruz. O combustível de todas as descobertas sempre foi o propósito da Cruz! Tudo isso, no tempo, é obra da Graça Divina! O Brasil e, de forma mais flagrante, o Nordeste, é obra fundadora da Providência! Hoje, todos mestiços, ou como diz o soneto de Ariano, “jogral cigano e tresmalhado”, somos antes portugueses, sem cuja iniciativa fundadora não haveria absolutamente nada por aqui.
Saudações.
Gustavo Alencar Luna,
03 de agosto de 2023,
Crato, Ceará.