Minhas crias brincam com caveiras
pois suas salas de aula
são vigiadas por bruxos
que berram pelas paredes desabando
como banheiros de papel
bruxas roliças lançam antigas maldições
em uma língua não ensinada
testam crianças sobre seus significados
dando notas
em um holocausto
que varia
da fúria ao desprezo.
Minhas crias brincam com caveiras
na escola
elas já aprenderam
a sonhar com a morte
seus parquinhos
eram cemitérios
onde pesadelos do não
montavam guarda na terra alugada
cheia de ossos do amanhã.
Minhas crias brincam com caveiras
e se recordam
que para quem luta
não há lugar
que não possa ser
lar
nem que seja.
Audre Lorde, Entre nós mesmas – Poemas reunidos
Sem comentários