Boris Pasternak

Boris Pasternak – Contra a fama

Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.

O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.

Cumpre viver sem impostura.
Viver até os últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.

Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos deixar inscritos
Capítulos da vida inteira.

Apagar-se no anonimato,
Ocultando nossa passagem
Pela vida, como à paisagem
Oculta a nuvem com recato.

Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Porém não deves separar
Teu sucesso de teu fracasso.

Não deves renunciar a um mín-
Imo pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.

Boris Pasternak, Poesia da recusa

Tudo é Poema

Ver Comentários

Publicado por
Tudo é Poema
  • Poemas Recentes

    Sylvia Plath – Ariel

    Pausa no escuro.… Leia Mais

    4 dias atrás

    Nikki Giovanni – Sede

    Às 2h30 ou… Leia Mais

    4 dias atrás