Bráulio Bessa – Fãs e ídolos
É tão natural ser fã
das canções de um cantor,
de uma celebridade,
das obras de um escritor,
dos versos de um poeta,
dos papéis de um ator.
O que é preciso fazer
para ser idolatrado?
Atuar numa novela,
num filme, num seriado,
ter na rua um outdoor
com seu rosto estampado?
O que é preciso fazer
para ser admirado?
Estar na capa da revista,
no jornal ser destacado,
ter milhões de seguidores
e ser bem relacionado?
Quase sempre há barreiras
entre o ídolo e você.
O palco que é mais alto,
a grade pra proteger,
a distância de uma imagem
projetada na TV.
Não é errado ser fã.
Errado é endeusar.
Afinal, somos iguais
e se parar pra pensar
viemos do mesmo canto
e vamos pro mesmo lugar.
É preciso ser famoso
pra ser ídolo de alguém?
Quem tem visibilidade
consegue ir muito além,
porém pode um invisível
ser um ídolo também.
Basta você reparar
no que há por trás do pano.
O que tem dentro da gente
será sempre soberano.
Por isso, antes de tudo,
seja fã do ser humano.
Dá pra ser fã do gari
que limpa sua cidade,
do porteiro que lhe trata
com tanta cordialidade.
Eu garanto: dá pra ser
fã de gente de verdade.
Basta você enxergar
com olhos na mesma altura
o professor do seu filho,
o vendedor de verdura,
o agricultor no campo
e o doutor buscando a cura.
Tantos ídolos no mundo
que passam despercebidos,
dificilmente lembrados,
facilmente esquecidos
e, por nossa ignorância,
tão pouco reconhecidos.
Seja bom, justo e honesto,
não faça mal a ninguém.
Seja anônimo ou famoso,
seja e pratique o bem
pra ser fã de você mesmo
e ser ídolo de alguém.
Bráulio Bessa, Poesia que transforma