Bráulio Bessa – O encontro dos sentimentos
Outro dia acordei cedo
o sol nem tinha raiado,
no terreiro lá de casa
escutei um cochichado.
Curioso, eu cheguei perto
pra mode saber ao certo
o que era conversado.
Falavam da violência
que o mundo vem sofrendo,
da conta que o povo paga
sem sequer estar devendo
e de como a maldade
em toda a velocidade
todo dia está crescendo.
Foi aí que eu percebi
que era uma reunião.
Virtudes e Sentimentos
debatendo essa questão.
E a Razão disse à Bondade:
“Só se muda a humanidade
consertando o coração.”
A Paz também tava lá,
já que a paz é um sentimento,
ferida e chorando muito,
naquele exato momento
decidiu pedir ajuda
e disse: “Ou o homem muda
ou aumenta o sofrimento.”
Nessa hora levantou
a tranquila Paciência
dizendo que conseguia
evitar a violência,
mas que tava complicado
nesse mundo estressado
sem usar a consciência.
Foi quando se ouviu a voz
firme e forte do Respeito
que disse: “A violência
é irmã do preconceito.
Respeitando o diferente,
o homem anda pra frente;
talvez esse seja o jeito.”
A Honestidade disse:
“Você tem toda a razão
mas acrescente na lista
o fim da corrupção.
O retorno é garantido
se o dinheiro é investido
numa boa educação.”
Eu continuei ouvindo
quando o Perdão falou:
“Ah, se o povo me usasse
como um bom homem me usou,
ensinando uma lição
derramando seu perdão
a quem lhe crucificou.”
A Sabedoria, eufórica,
abraçou-se com o Perdão
e gritou: “Só tem um jeito,
é fazer uma inversão
vivendo bem diferente,
sentindo mais com a mente
e pensando com o coração.”
Com um vestidinho verde,
avistei uma criança
dizendo: “Eu acredito
nessa sonhada mudança
e um dia vamos sorrir
sem pensar em desistir
pois meu nome é Esperança.”
Já no fim da reunião
levantou-se um senhor
com um crachá na camisa
escrito a palavra Amor.
E disse: “Nossa mistura
é, sim, a única cura
que alivia essa dor.”
É unindo a esperança,
a paciência, o perdão,
respeito, sabedoria,
a bondade e a razão,
restaurando a paz no mundo,
guardando tudo no fundo
da mente e do coração.
Bráulio Bessa, Poesia que transforma