Vejo o tempo seguindo a correnteza
como um rio que segue seu caminho.
Obedece a lei da natureza
que transforma relógio em moinho.
Mói poder, mói orgulho, mói riqueza,
mói tecido de trapo ou de linho.
Mói a miss lhe roubando a beleza,
mói castelo, mói casebre, mói um ninho.
Mói o riso estampado em nossa face,
mói as pétalas de toda flor que nasce.
Para ser moído basta estar vivendo.
O moinho pouco a pouco nos matando
e o poeta atrevido revidando,
dando vida a um soneto e renascendo.
Bráulio Bessa, Um carinho na alma