A saudade de alguém que foi embora,
de um amigo, de um amor, de um parente,
de alguém que não está mais entre a gente,
Com o peito adoentado a alma chora.
Feito gripe que de noite só piora,
uma dor maior que vinte dor de dente,
judiando inté do cabra mais valente
sem sentir pena, dó, nem piedade.
Quer saber quanto custa uma saudade,
tenha amor, queira bem e viva ausente.
Tanto amor no meu peito estocado,
esperando por você que já partiu
tão depressa, nem se quer se despediu,
vez por outra me pergunto agoniado:
se a saudade mora mesmo no passado,
por que é que ela vive tão presente?
Hoje eu olho mais pra trás do que pra frente,
pra lembrar que já senti felicidade.
Quer saber quanto custa uma saudade,
Tenha amor, queira bem e viva ausente.
Feito um doido fico aqui lhe esperando,
a saudade já chegou, e você, nada.
Vou pra rua caminhando na calçada,
de repende eu tô num bar me embriagando,
no meu rosto uma lágrima rolando,
no balcão uma dose de água ardente
na vitrola do bar toca um repente
de um poeta chêi de sensibilidade.
Quer saber quanto custa uma saudade,
tenha amor, queira bem e viva ausente.
A saudade observando a minha dor,
me levou pra mesa de cirurgia,
sem ao menos aplicar anestesia
segurou meu coração e arrancou.
Nessa hora até a saudade chorou
percebendo todo mal que faz a gente,
viu seu nome gravado em ferro quente,
deu remorso do tamanho da crueldade.
Quer saber quanto custa uma saudade,
tenha amor, queira bem e viva ausente.
Se a saudade além de ferir, matasse,
com certeza eu já teria falecido,
mas nem morto eu teria lhe esquecido
nem a morte dava fim a esse impasse.
Cada vez que minha alma se lembrasse,
pediria a Deus de forma insistente,
que Ele desse um jeitinho diferente
pra juntar nós dois pro toda eternidade.
Quer saber quanto custa uma saudade,
tenha amor, queira bem e viva ausente.
Bráulio Bessa, Poesia com rapadura