Bráulio Bessa – Sonhar
Sonhar é verbo, é seguir,
é pensar, é inspirar,
é fazer força, insistir,
é lutar, é transpirar.
São mil verbos que vêm antes
do verbo realizar.
Sonhar é ser sempre meio,
é ser meio indeciso,
meio chato, meio bobo,
é ser meio improviso,
meio certo, meio errado,
é ter só meio juízo.
Sonhar é ser meio doido
é ser meio trapaceiro,
trapaceando o real
pra ser meio verdadeiro.
Na vida, bom é ser meio,
não tem graça ser inteiro.
O inteiro é o completo,
não carece acrescentar,
é sem graça, é insosso,
é não ter por que lutar.
Quem é meio é quase inteiro
e o quase nos faz sonhar.
O quase é estar tão perto,
é quase encostar a mão,
todo quase é quase lá,
todo lá é direção,
é a vida quase dizendo
e você quase entendendo,
basta ver com o coração.
É amigo e inimigo…
quase agi, quase tentei,
quase achei que era possível,
quase ouvi, quase falei
e, claro, o principal quase
que é o quase acreditei.
Acredite que sonhar
também é compreender
que nem sempre o que se sonha
é o melhor pra você
e que não realizar
nem sempre será sofrer.
Sonhe sempre e seja grato
pelo sonho que já tem,
repare cada detalhe
das coisas que fazem bem,
o pouco que hoje é seu
é o muito pra alguém.
Ter um chão para pisar,
um sol pra lhe dar calor,
ter o ar pra respirar,
ter saúde, ter amor,
ter tudo isso já faz
de você realizador.
Seja sempre inquieto
e vez por outra paciente.
Parece contraditório,
soa meio diferente,
às vezes pisar no freio
também é andar pra frente.
A vida não é tão simples,
viver não é só sorrir,
a lagarta que rasteja
rasteja pra evoluir,
se transforma em borboleta,
depois voa por aí…
Bráulio Bessa, Poesia que transforma