Um matuto em Nova Iorque
My brother, sou nordestino
nascido lá no sertão.
Whisky pra mim é cana
misturada com limão.
Matuto do pé rachado,
danço forró e xaxado
e adoro cantoria.
Na minha terra é assim,
o tal do bacon é toicim
e Mary lá é Maria.
Vim bater em Nova Iorque,
conhecer outra cultura.
Vi gente de todo tipo
e prédio de toda altura.
Muita luz, badalação,
movimento, agitação,
dialeto diferente,
sorry, thank you e oqueis.
Mas não sei falar inglês
fico aqui com meu oxente.
Tô aqui na Times Square
mas prefiro o meu terreiro
onde a vida não tem pressa,
não passa assim tão ligeiro.
Aqui tem loja grã-fina,
muita luz que ilumina
e tudo pra ser comprado.
Porém lá no meu sertão
o crédito do cartão
é o caderno do fiado.
Ali tem cachorro-quente,
mas não vale uma buchada.
Hambúrguer não chega aos pés
de carne de sol torrada.
Milho assado na fogueira,
rapadura, macaxeira,
castanha feita na brasa.
Caminhei e dei um giro
e tô certo que prefiro
a rua da minha casa.
Nova Iorque é muito bela,
dá pro cabra se encantar,
porém toda essa beleza
não consegue superar
minha cidade, meu canto,
meu pequeno Alto Santo
que eu amo e quero bem.
Sou mais um cabra da peste
e não troco o meu Nordeste
por States de ninguém.
Bráulio Bessa, Poesia que transforma