Sempre limpo os pés antes de entrar
no sono e aí um frango inteiro lindo
e cru me tira para dançar
O filme é a revolta dos folclores e o mundo
se carameliza em bosta, toda vaca
é gordona e a terra cinza de papel
Os prédios têm mais nome de mulher
que nome de homem, e o azul é o azul
céu do centro-oeste brasileiro
Uma TV a flores ligada
na cena de um mandacaru
nascendo no dedão do pé
Bate aquela vontade de voar
e de descer a escada de barriga
pelo corrimão, cair de cara e morrer
Mas tomar distância num copo de pinga
beber leite pra brincar, depois pinga
depois distância de novo e cantar
A cabeça suja é boa para as coisas
que fazemos em cima dos castanheiros
por exemplo nada, e também um poema.
Bruna Beber, Ladainha