Plantei uma goiabeira
dentro do banheiro
e a cigarra veio
morar comigo
Desde então tomo banho
de óculos, uma sensação
de melancolia molhada
que aprecio
Mas não amo, amor é o que vejo
semear, romper e brotar
da barriga da cigarra
uma parceria:
O canto
é ancestral, adquirido
às vezes peço uma canção
ela não tem ouvidos
Seu olho esbugalhado
de sapo explosivo
o meu inchado
de chorar sem motivo
Estou satisfeita,
mas não devo esperar
nada, é como criar
uma sereia.
Bruna Beber, Ladainha
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