Amadureci aos poucos,
cresci muito devagar
como os álamos e os loucos
e acabei indo morar
na Casa dos Homens Ocos,
um charco pardo ao luar
entre o tempo morto, os roucos
rugidos do vento e o mar.
Lá se vive sem querer;
lá ouvi uma elegia;
dou-a aqui tal qual ouvi-a
ao cair do entardecer
sobre a charneca vazia,
os pântanos que há no ser.
Bruno Tolentino, A balada do cárcere