um dia que não começa enquanto suas circunstâncias, as das suas
mãos e da sua boca, não definem o peso com que a luz pousa nas
suas curvas, que agora observo
um dia que vem ganhando aos poucos os fenômenos que compõem
sua pele, a gravura que sobe e constrói suas linhas e colunas
um dia que se desembaraça do seu sono entre os pequenos tremores e
barulhos que acendem seu tônus, suas ranhuras e penugens
um dia que virá como uma pancada nesse repouso que ainda paira
sobre a cama, que sobrevoo ainda aquecido pelo motor do seu
braço
um dia que se levanta nos orientes ainda guardados sob o lençol que
contém sua nudez emulada nas sombras que persistem pelo quarto
um dia que só principia quando você por fim me desperta
Caio Meira, Romance