Há na palma de minha mão
um cavalo-marinho.
No fundo do que sou
mergulho
em raras profundezas.
Talvez assim entenda
que viver
não é acordar após dormir
e que não há maior beleza
que a solidão
e o fechar os olhos e partir.
Vejo que são rasas as pessoas
pelas partículas que vejo.
Se assim creio, assim crio
nesse mar selvagem
e apenas sumo
entre os redemoinhos
e os cavalos-marinhos
entre ondas
que abrigam e afogam
para dentro me jogam
me deixando lá.
Carlos Cardoso, Melancolia
Sem comentários