Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade – A vida passada a limpo

Ó esplêndida lua, debruçada
sobre Joaquim Nabuco, 81.
Tu não banhas apenas a fachada
e o quarto de dormir, prenda comum.

Baixas a um vago em mim, onde nenhum
halo humano ou divino fez pousada,
e me penetras, lâmina de Ogum,
e sou uma lagoa iluminada.

Tudo branco, no tempo. Que limpeza
nos resíduos e vozes e na cor
que era sinistra, e agora, flor surpresa,

já não destila mágoa nem furor:
fruto de aceitação da natureza,
essa alvura de morte lembra amor.

 

Carlos Drummond de Andrade, A Vida passada a limpo

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes

Ana Martins Marques – Por exemplo

Por exemplo alguém… Leia Mais

5 horas atrás

Sérgio Vaz – Um sonho

Ontem eu sonhei… Leia Mais

5 horas atrás