Nesta boca da noite,
cheira o tempo a alecrim.
Muito mais trescalava
o incorpóreo jardim.
Nesta cova da noite,
sabe o gesto a alfazema.
O que antes inebriava
era a rosa do poema.
Neste abismo da noite,
erra a sorte em lavanda.
Um perfume se amava,
colante, na varanda.
A narina presente
colhe o aroma passado.
Continuamente vibra
o tempo, embalsamado.
Carlos Drummond de Andrade, A vida passada a limpo