Os sonhos não os têm só que navega
ou tenta navegar no vento aceso,
mas quem por abismos fica ileso
como se flutuasse numa verga
e as âncoras baixassem na tristeza
ou tristes conduzíssemos o peso,
mais a desolução da carne, a intensa
gravidade das coisas, homem preso
ao mínimo das águas, desatento
aos astros, aos planetas e se alterna
mas é somente febre disparada.
O sonho, o frágil corpo, os elementos
navegam as mudanças subalternas
e os nadas de espuma, em puro nada.
Carlos Nejar, Amar, a mais alta constelação