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Allan Dias Castro

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Cais de porto

Allan Dias Castro

As pessoas que menos tentam mudar quem a gente é, em
geral, são as mais seguras de quem elas são.

Mesmo quando a gente se sente perdido,
À deriva mesmo, indo com a maré,
E quer agradar todo mundo para tentar uma aproximação
E se afasta tanto da gente mesmo que já nem dá pé,
Surgem pessoas na nossa vida que são como um cais.

Elas não tentam impor uma direção,
Não exigem uma explicação
De onde você veio ou para onde vai.
Simplesmente te aceitam e estendem a mão
Para você finalmente voltar a respirar.

Aí fica claro: se identificar com alguém de verdade
Significa respeitar sua identidade.

Quando a gente encontra na vida um cais de porto,
O encontro mais parece um reencontro.
Não tem muita explicação,
Por mais que a pessoa seja diferente,
A gente sente essa identificação.

Não importa o tamanho do problema que carrega,
Todo mundo tem algo em comum.
Basta ter a grandeza de respeitar o momento de cada um.
Aí é como se até as diferenças se encaixassem de forma
natural.
É uma sensibilidade de se ver no outro e ser o outro,
Não necessariamente sendo igual.

É só a gente lembrar que a vida é maré:
Respeito vai, respeito vem.
Porque todo mundo traz em si suas tempestades,
Mas também a possibilidade dos dias mais lindos.
Assim, quem um dia foi o cais
No outro vai ser bem-vindo.

Allan Dias Castro, Voz ao verbo – Poemas para calar o medo

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Amizade real

Allan Dias Castro

Quando a gente se tranca no próprio mundo,
Precisando de uma força,
Às vezes sem força nem para pedir,
É bom receber uma mensagem de “Calma, vai passar”.
Mas a que muda tudo é aquela que diz:
“Calma, tô passando aí.”

Faz toda a diferença poder contar com alguém
Que chega no universo da nossa solidão,
Ignora a placa que diz “fechado pra visitação”,
Abre a porta, fecha as janelas do computador
E parece que te puxa, te traz de volta pra vida real.
Isso já muda a sua realidade.

Alguém que troque likes por sinceridade,
Que te faça trocar os cinco mil amigos do Facebook
Por uma boa amizade.
Esse não está só te seguindo,
Está acompanhando, está junto.
É como dizer: “Está perdido? Eu também.”
Porque, nesses momentos,
A pergunta não é “Pra onde?”, é “Com quem?”.

E quando a gente está lado a lado,
Fica fácil perceber a diferença
Entre receber um coração e ser amado,
Entre os que estão on-line
E quem está conectado.

Nunca entendi muito bem
O conceito de empatia,
Até perceber que, na prática,
A amizade real não precisa de teoria.
Basta servir de companhia.

É aquele silêncio
Que não te deixa no vácuo,
Porque te deixa à vontade.
E não significa que acabou a bateria,
E sim que você recebeu a mensagem.

Às vezes, melhor do que dar uma resposta,
É dar ouvidos.
Não sabe o que falar? Tranquilo.
A sua presença já vai ter respondido.

Allan Dias Castro, Voz ao verbo – Poemas para calar o medo

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Canta, meu pai

Allan Dias Castro

Meu pai tinha um sonho,
Queria ser cantor.
Quando abriu os olhos,
Muito tempo passou.

Hoje, quando ele canta,
Sua voz é contida
Pelo nó na garganta,
Pelo rumo da vida.

Ele me deu um conselho:
“Sempre sonhe acordado
Para, quando olhar no espelho,
Não enxergar o passado.”

Canta, meu pai,
Tudo que você fez me mostrou como se faz.
Já entendi que o tempo não volta
Nem olhando para trás.

Canta, meu pai,
Mesmo aí no teu canto, a sós.
Porque foi te ouvindo cantar
Que encontrei a minha voz.

Allan Dias Castro, Voz ao verbo – Poemas para calar o medo

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Carta aberta à vida

Allan Dias Castro

Leva-se meses para nascer,
E às vezes uma vida inteira para se sentir vivo.
A gente acaba ficando tão competitivo
Que vive com medo de perder.
Mas vai ser de si que vai ter vencido
Aquele que tiver perdido
O medo de viver.

Sim, você está vivo.
Já é um belo motivo pra agradecer.

Só isso já faz o dia melhorar,
Mas é tão simples que a gente esquece.
Quem espera passar dessa pra melhor
Só quando sua hora chegar
Já perdeu por esperar.

E espera reconhecimento de quem nem o conhece,
Espera a rapidez de um amor expresso
Sem dar o tempo de que o outro se expresse.
Espera agradar pra receber
E recebe, mas nunca agradece.

Todos os dias, a vida nos dá uma oportunidade,
Dizendo: “Sejam bem-vindos.”
Alguns não escutam porque estão sempre pedindo.
Mais do que uma hashtag sem sentido,
A gratidão é um sentimento.

Aquele que sorri por se sentir vivo
Fez do momento o seu endereço.
Sem esperar já encontrou o seu lugar.
Aprendeu a ser feliz e agradecer – só por estar.

Todos os dias a vida nos dá uma oportunidade.
É simples, mas não esqueça:
Agradeça.

Allan Dias Castro, A monja e o poeta

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Paciência

Allan Dias Castro

Aquele que espera uma última chance
Já desistiu.
Só quem construiu algo na vida
Sabe que nada nasce pronto.
E este é o ponto:
É preciso recomeçar várias e várias vezes.
E a cada vez que você não para,
O tempo faz da espera, experiência.
E o caminho?
É passo a passo e paciência.

Toda história de desistência
É como um livro sem as páginas finais.
Pra que o último capítulo não se chame “quase”,
Você vai ter que escrever mais.

Pra não ficar o resto da vida contando que quase foi,
Que quase voltou
E quando foi voltar, já não dava pra ir.
Não é insistir numa última chance.
É continuar tentando
Até conseguir.
Eu prefiro os nãos de cada tentativa do passado
A uma única desculpa como justificativa
De não ter tentado.

Então vire essa página do “quase”
E troque o peso do arrependimento
Pela leveza das folhas em branco.
Se a sua história não acabou como você gostaria,
Que o ponto final seja uma interrogação.
Vamos recomeçar?
Assim, lá no fim, o que conta é a sua vontade.
Não é a última chance,
São muitas possibilidades.

Allan Dias Castro, A monja e o poeta

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – O mar ensina

Allan Dias Castro

É preciso remar.
O mar ensina:
Paciência aos que têm pressa,
Equilíbrio aos que já caíram,
Mas não deixaram de remar.

Para ganhar o mar,
É preciso perder o medo
E manter o respeito.

Mas é preciso remar.
O mar ensina:
É possível encontrar
A liberdade entre suas correntes.

Mas é preciso remar.
O mar ensina:
A maré de sorte só chega para quem
Entende que os ventos mudam de direção
E por isso não deixa de remar,
Porque ninguém aprende
A nadar na areia.

O mar ensina.
Mas é preciso remar.
Eu só peço fôlego
Para vencer a arrebentação
E entender que isso não significa
Competir com o mar.

Fôlego!
Para receber o mar.
Basta perceber a entrada, pedir licença
E aí, sim, ser recebido pelo mar aberto.

Fôlego!
Para lembrar que ondas e lágrimas
São feitas de água salgada.
Fôlego!
Para transformar tristeza em mar.

E se o caminho for longo?
Fôlego!
Para remar na volta.
Fôlego!
Para voltar a remar.

Allan Dias Castro, A monja e o poeta

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Seja areia, ou seja amor

Allan Dias Castro

Se tudo que a gente planejou tivesse dado certo,
Muitos dos nossos melhores momentos não teriam acontecido.
Trocar frustração por aprendizado
É entender que todo plano que dá errado
Mostra um caminho que não foi escolhido.

Ou a gente aprende a ver por outro lado,
Ou passa a vida reclamando que está perdido
Pelo simples fato de os rumos terem mudado.

É que a gente anda tão ocupado
Que talvez tenha esquecido:
A mudança é a única certeza.
Que venham as boas surpresas
Porque estar vivo é ser surpreendido.

Deixa o tempo decidir o que vai passar,
Quantos planos são castelos em frente ao mar,
Quantas certezas vão desabar.

A ilusão é levar a sério demais
O para sempre ou o nunca mais.
Aproveite o durante.
Ele dura o que for
Seja areia, ou seja amor.

Allan Dias Castro, Monja Coen, A monja e o poeta

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Álbum de estrelas

Allan Dias Castro

Toda foto é um adeus
Transformado em até breve,
Pois não há tempo que leve
Este eterno nunca mais.

Como estrelas que vão para o céu
Quando morrem a cada dia,
Em um ciclo de nostalgia
À noite tornam-se imortais.

Se a saudade é a lembrança
Que está presa na ampulheta
A cada instante obsoleta,
O tempo insiste em esquecê-la.

Eu procuro sempre o brilho
Nas pessoas, nos lugares.
E para que nada nos separe
Fotografo sua estrela.

Allan Dias Castro, Monja Coen, A monja e o poeta

Allan Dias Castro

Allan Dias Castro – Só por hoje

Allan Dias Castro

Eu quero trocar a ansiedade de tentar viver cada dia como se fosse o último
pela tranquilidade de viver só por hoje.

Viver só por hoje
Me fez parar de desperdiçar o tempo de um sorriso
Me perguntando quando a felicidade vai chegar.
Viver só por hoje
É não adiar a oportunidade que cada dia nos dá.

Vivendo só por hoje,
Sem desespero,
Cada dia não é o último,
É o primeiro.

Quando a gente quer falar que uma pessoa é especial,
Mas fica à espera da data ideal,
É como se, para viver o presente,
Precisasse esperar o Natal.

A saudade não morre de velha,
Mas se mata num dia: hoje.
Não quero ter que descobrir uma doença rara
Para só então me curar da monotonia.

Só por hoje vou tomar uma atitude,
Me tornar uma pessoa melhor,
Seja lá o que isso signifique.
Me livrar do peso de anos
Admitindo um erro, problema,
Pedindo desculpa, pedindo ajuda,
Ou ajudando a mim mesmo,
Trocando a mania de dizer sim sem vontade
Pela sinceridade.

Quem vive à espera de um final feliz
Adia a felicidade que sempre quis.
O agora é assim: ser feliz, e fim.

Essa consciência
Nos traz de volta pra casa,
Porque, às vezes, é a urgência
Que nos consome e nos atrasa.

Já temi correr o risco
De morrer de velho
Sem ter vivido o bastante,
Mas entendi que a vida
Não é depois nem foi antes.

A vida não dura para sempre, é durante.
Quem tem apenas um instante
Para mudar uma vida inteira
Já tem tempo bastante.

É preciso dizer “Chega!”
Para chegar ao dia de hoje
Deixando, a cada passo, o passado,
Pois quem passa a vida planejando
Não tem tempo de viver os planos.

A gente só precisa lembrar disto agora
E não esquecer amanhã:
Vamos viver só por hoje
Para que seja por muitos anos.

Allan Dias Castro, A monja e o poeta, Monja Coen