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Ana Paula Tavares

Ana Paula Tavares

Ana Paula Tavares – Amargos como os frutos

Ana Paula Tavares

Amado, por que voltas
com a morte nos olhos
e sem sandálias
como se um outro te habitasse
num tempo
para além
do tempo todo

Amado, onde perdeste tua língua de metal
a dos sinais e do provérbio
com o meu nome inscrito

Onde deixaste a tua voz
macia de capim e veludo
semeada de estrelas

Amado, meu amado,
o que regressou de ti
é a tua sombra
dividida ao meio
é um antes de ti
as falas amargas

como os frutos. 

Ana Paula Tavares, Dizes-me coisas amargas como os frutos

Ana Paula Tavares

Ana Paula Tavares – Compraste o meu amor…

Ana Paula Tavares

Compraste o meu amor
Com o vinho dos antigos
Sedas da Índia
anéis de vidro
Sou tua, meu senhor
À segunda, terça, quarta, quinta, sexta-feira
E também preparo funje aos sábados
Não não me peças o domingo
Todos os deuses descansam
E sei também das concubinas
O horário de serviço

Ana Paula Tavares, Como veias finas na terra