Os mais sábios conselhos ela me deu
Sem tirar nem botar acertou tudo
É doutora da vida sem estudo,
Foi vivendo que ensinou e que aprendeu,
Com as pancadas dessa vida mãe sofreu
E mostrou até de forma inconsciente,
Que seus filhos precisavam ser descentes
E viver sempre com honestidade.
A palmada da mãe não dói metade
Das palmadas que a vida dá na gente.
Se a carne era pouca e o caldo ralo,
O pirão do amor tinha sustança
E as panelas todas cheias de esperança,
Nossa fé nunca sofreu nenhum abalo.
Mãe dizia filho escuta o que eu te falo,
Nessa vida seja sempre paciente
Cada um tem destino diferente;
Lute, cresça e nunca perca a humildade.
A palmada da mãe não dói metade
Das palmadas que a vida dá na gente.
Se um presente mais bonito eu lhe pedia,
Mãe dizia que não podia comprar.
Me zangava e começava a chorar,
Sem saber que muito mais nela doía.
Sem dinheiro pra fazer minha alegria,
Arranjava uma maneira diferente
E dizia que um dia mais na frente
Meu trabalho mataria essa vontade.
A palmada da mãe não dói metade
das palmadas que a vida dá na gente.
Até hoje quando eu dou um cheiro nela
Agradeça a Deus por ter minha mainha;
Mas para quem já perdeu sua rainha
Não se sinta só nem distante dela.
Entre a terra e o céu há uma janela
Com um vaso onde Deus planta a semente
Do amor que a mãe da gente sente
E é essa rosa que lhe protege da maldade.
A palmada da mãe não dói metade
das palmadas que a vida dá na gente.
Bráulio Bessa, Poesia com rapadura