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Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Vaidosa

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Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.

Contam que tens um modo altivo e sério,
Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.

Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,
A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração, como as estátuas.

E narram o cruel martirológio
Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.

Porém eu sei que tu, que como um ópio
Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loura e dourada como as messes

E possuis muito amor… muito amor-próprio.

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Heroísmos

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Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.

Eu temo o largo mar rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
Os ruídos dum túmulo disforme.

Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
Tufada a vela e n’água quase assente,

E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!

Cesário Verde, O livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – De tarde

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Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

Cesário Verde, O livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Manhãs brumosas

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Aquela, cujo amor me causa alguma pena,
Põe o chapéu ao lado, abre o cabelo à banda,
E com a forte voz cantada com que ordena,
Lembra-me, de manhã, quando nas praias anda,
Por entre o campo e o mar, bucólica, morena,
Uma pastora audaz da religiosa Irlanda.

Que línguas fala? A ouvir-lhe as inflexões inglesas,
— Na névoa, a caça, as pescas, os rebanhos! —
Sigo-lhe os altos pés por estas asperezas;
E o meu desejo nada em época de banhos.
E, ave de arribação, ele enche de surpresas
Seus olhos de perdiz, redondos e castanhos.

As irlandesas têm soberbos desmazelos!
Ela descobre assim, com lentidões ufanas,
Alta, escorrida, abstracta, os grossos tornozelos;
E como aquelas são marítimas, serranas,
Sugere-se o naufrágio, as músicas, os gelos
E as redes, a manteiga, os queijos, as choupanas.

Parece um «rural boy»! Sem brincos nas orelhas,
Traz um vestido claro a comprimir-lhe os flancos,
Botões a tiracolo e aplicações vermelhas;
E à roda, num país de prados e barrancos,
Se as minhas mágoas vão, mansíssimas ovelhas,
Correm os seus desdéns, como vitelos brancos.

E aquela, cujo amor me causa alguma pena,
Põe o chapéu ao lado, abre o cabelo à banda,
E com a forte voz cantada com que ordena,
Lembra-me, de manhã, quando nas praias anda,
Por entre o campo e o mar, bucólica, morena,
Uma pastora audaz da religiosa Irlanda.

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Humilhações

cesário verde

Esta aborrece quem é pobre. Eu, quase Job,
Aceito os seus desdéns, seus ódios idolatro-os;
E espero-a nos salões dos principais teatros,
Todas as noites, ignorado e só.

Lá cansa-me o ranger da seda, a orquestra, o gás;
As damas, ao chegar, gemem nos espartilhos,
E enquanto vão passando as cortesãs e os brilhos,
Eu analiso as peças no cartaz.

Na representação dum drama de Feuillet,
Eu aguardava, junto à porta, na penumbra,
Quando a mulher nervosa e vã que me deslumbra
Saltou soberba o estribo do coupé.

Como ela marcha! Lembra um magnetizador.
Roçavam no veludo as guarnições das rendas;
E, muito embora tu, burguês, me não entendas,
Fiquei batendo os dentes de terror.

Sim! Porque não podia abandoná-la em paz!
Ó minha pobre bolsa, amortalhou-se a ideia
De vê-la aproximar, sentado na plateia,
De tê-la num binóculo mordaz!

Eu ocultava o fraque usado nos botões;
Cada contratador dizia em voz rouquenha:
— Quem compra algum bilhete ou vende alguma senha?
E ouviam-se cá fora as ovações.

Que desvanecimento! A pérola do Tom!
As outras ao pé dela imitam de bonecas;
Tem menos melodia as harpas e as rabecas,
Nos grandes espetáculos do Som.

Ao mesmo tempo, eu não deixava de a abranger;
Via-a subir, direita, a larga escadaria
E entrar no camarote. Antes estimaria
Que o chão se abrisse para me abater.

Saí; mas ao sair senti-me atropelar.
Era um municipal sobre um cavalo. A guarda
Espanca o povo. Irei-me; e eu, que detesto a farda,
Cresci com raiva contra o militar.

De súbito, fanhosa, infecta, rota, má,
Pôs-se na minha frente uma velhinha suja,
E disse-me, piscando os olhos de coruja:
— Meu bom senhor! Dá-me um cigarro? Dá?…

 

Cesário Verde, O livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Ironias do desgosto

cesário verde

«Onde é que te nasceu» – dizia-me ela às vezes –
«O horror calado e triste às coisas sepulcrais?
«Porque é que não possuís a verve dos Franceses
«E aspiras, em silêncio, os frascos dos meus sais?

«Porque é que tens no olhar, moroso e persistente,
«As sombras dum jazigo e as fundas abstrações,
«E abrigas tanto fel no peito, que não sente
«O abalo feminil das minhas expansões?

«Há quem te julgue um velho. O teu sorriso é falso;
«Mas quando tentas rir parece então, meu bem,
«Que estão edificando um negro cadafalso
«E ou vai alguém morrer ou vão matar alguém!

«Eu vim – não sabes tu? – para gozar em Maio,
«No campo, a quietação banhada de prazer!
«Não vês, ó descorado, as vestes com que saio,
«E os júbilos que Abril acaba de trazer?

«Não vês como a campina é toda embalsamada
«E como nos alegra em cada nova flor?
«Então porque é que tens na fronte consternada
«Um não sei quê tocante e enternecedor?

E eu só lhe respondia: – «Escuta-me. Conforme
«Tu vibras os cristais da boca musical,
«Vai-nos minando o tempo, o tempo – o cancro enorme
«Que te há de corromper o corpo de vestal.

«E eu calmamente sei, na dor que me amortalha,
«Que a tua cabecinha ornada à Rabagas,
«A pouco e pouco há de ir tornando-se grisalha
«E em breve ao quente sol e ao gás alvejará!

«E eu que daria um rei por cada teu suspiro,
«Eu que amo a mocidade e as modas fúteis, vãs,
«Eu morro de pesar, talvez, porque prefiro
«O teu cabelo escuro às veneráveis cãs!»

 

Cesário Verde, O livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Proh pudor

cesário verde

Todas as noites ela me cingia
Nos braços, com brandura gasalhosa;
Todas as noites eu adormecia,
Sentindo-a desleixada e langorosa.

Todas as noites uma fantasia
Lhe emanava da fronte imaginosa;
Todas as noites tinha uma mania
Aquela concepção vertiginosa.

Agora, há quase um mês, modernamente,
Ela tinha um furor dos mais soturnos,
Furor original, impertinente…

Todas as noites ela, ó sordidez!
Descalçava-me as botas, os coturnos
E fazia-me cócegas nos pés…

 

Cesário Verde, Cinco séculos de sonetos Portugueses

Cesário Verde

Cesário Verde – Eu e Ela

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Cobertos de folhagem, na verdura, 
O teu braço ao redor do meu pescoço, 
O teu fato sem ter um só destroço, 
O meu braço apertando-te a cintura; 

Num mimoso jardim, ó pomba mansa, 
Sobre um banco de mármore assentados. 
Na sombra dos arbustos, que abraçados, 
Beijarão meigamente a tua trança. 

Nós havemos de estar ambos unidos, 
Sem gozos sensuais, sem más idéias, 
Esquecendo para sempre as nossas ceias, 
E a loucura dos vinhos atrevidos. 

Nós teremos então sobre os joelhos 
Um livro que nos diga muitas cousas 
Dos mistérios que estão para além das lousas, 
Onde havemos de entrar antes de velhos. 

Outras vezes buscando distração, 
Leremos bons romances galhofeiros, 
Gozaremos assim dias inteiro, 
Formando unicamente um coração. 

Beatos ou apagãos, via à paxá, 
Nós leremos, aceita este meu voto, 
O Flos-Sanctorum místico e devoto 
E o laxo Cavaleiro de Faublas… 

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde 

Cesário Verde

Cesário Verde – Meridional

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Cabelos

Ó vagas de cabelo esparsas longamente, 
Que sois o vasto espelho onde eu me vou mirar, 
E tendes o cristal dum lago refulgente 
E a rude escuridão dum largo e negro mar; 

Cabelos torrenciais daquela que me enleva, 
Deixai-me mergulhar as mãos e os braços nus 
No báratro febril da vossa grande treva, 
Que tem cintilações e meigos céus de luz. 

Deixai-me navegar, morosamente, a remos, 
Quando ele estiver brando e livre de tufões, 
E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos 
E enchamos de harmonia as amplas solidões. 

Deixai-me naufragar no cimo dos cachopos 
Ocultos nesse abismo ebânico e tão bom 
Como um licor renano a fermentar nos copos, 
Abismo que se espraia em rendas de Alençon! 

E, ó mágica mulher, ó minha Inigualável, 
Que tens o imenso bem de ter cabelos tais, 
E os pisas desdenhosa, altiva, imperturbável, 
Entre o rumor banal dos hinos triunfais; 

Consente que eu aspire esse perfume raro, 
Que exalas da cabeça erguida com fulgor, 
Perfume que estonteia um milionário avaro 
E faz morrer de febre um louco sonhador. 

Eu sei que tu possuis balsâmicos desejos, 
E vais na direção constante do querer, 
Mas ouço, ao ver-te andar, melódicos harpejos, 
Que fazem mansamente amar e enlanguescer. 

E a tua cabeleira, errante pelas costas, 
Suponho que te serve, em noites de verão, 
De flácido espaldar aonde te recostas 
Se sentes o abandono e a morna prostração. 

E ela há-de, ela há-de, um dia, em turbilhões insanos 
Nos rolos envolver-me e armar-me do vigor 
Que antigamente deu, nos circos dos Romanos, 
Um óleo para ungir o corpo ao gladiador. 

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Ó mantos de veludo esplêndido e sombrio, 
Na vossa vastidão posso talvez morrer! 
Mas vinde-me aquecer, que eu tenho muito frio 
E quero asfixiar-me em ondas de prazer. 

Cesário Verde, Livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Setentrional

cesário verde

Talvez já te não lembres, triste Helena, 
Dos passeios que dávamos sozinhos, 
À tardinha, naquela terra amena, 
No tempo da colheita dos bons vinhos. 

Talvez já te não lembres, pesarosa, 
Da casinha caiada em que moramos, 
Nem do adro da ermida silenciosa, 
Onde nós tantas vezes conversamos. 

Talvez já te esquecesses, ó bonina, 
Que viveste no campo só comigo, 
Que te osculei a boca purpurina, 
E que fui o teu sol e o teu abrigo. 

Que fugiste comigo da Babel, 
Mulher como não há nem na Circássia, 
Que bebemos, nós dois, do mesmo fel, 
E regamos com prantos uma acácia. 

Talvez já te não lembres com desgosto 
Daquelas brancas noites de mistério, 
Em que a Lua sorria no teu rosto 
E nas lajes campais do cemitério. 

Talvez já se apagassem as miragens 
Do tempo em que eu vivia nos teus seios, 
Quando as aves cantando entre as ramagens 
O teu nome diziam nos gorjeios. 

Quando, à brisa outoniça, como um manto, 
Os teus cabelos de âmbar, desmanchados, 
Se prendiam nas folhas dum acanto, 
Ou nos bicos agrestes dos silvados. 

E eu ia desprendê-los, como um pajem 
Que a cauda solevasse aos teus vestidos, 
E ouvia murmurar à doce aragem 
Uns delírios de amor, entristecidos. 

Quando eu via, invejoso, mas sem queixas, 
Pousarem ‘borboletas doidejantes 
Nas tuas formosíssimas madeixas, 
Daquela cor das messes lourejantes. 

E no pomar, nós dois, ombro com ombro, 
Caminhávamos sós e de mãos dadas, 
Beijando os nossos rostos sem assombro, 
E colorindo as faces desbotadas. 

Quando Helena, bebíamos, curvados, 
As águas nos ribeiros remansosos, 
E, nas sombras, olhando os céus amados 
Contávamos os astros luminosos. 

Quando, uma noite, em êxtases caímos 
Ao sentir o chorar dalgumas fontes, 
E os cânticos das rãs que sobre os limos 
Quebravam a solidão dos altos montes. 

E assentados nos rudes escabelos, 
Sob os arcos de murta e sobre as relvas, 
Longamente sonhamos sonhos belos, 
Sentindo a fresquidão das verdes selvas. 

Quando ao nascer da aurora, unidos ambos 
Num amor grande como um mar sem praias 
Ouvíamos os meigos ditirambos 
Que os rouxinóis teciam nas olaias. 

E, afastados da aldeia e dos casais, 
Eu contigo, abraçado como as heras, 
Escondidos nas ondas dos trigais. 
Devolvia-te os beijos que me deras. 

Quando, se havia lama no caminho, 
Eu te levava ao colo sobre a greda, 
E o teu corpo nevado como arminho 
Pesava menos que um papel de seda. 

Talvez já te esquecesses dos poemetos, 
Revoltos como os bailes do Cassino, 
E daqueles byrônicos sonetos 
Que eu gravei no teu peito alabastrino. 

De tudo certamente te esqueceste, 
Porque tudo no mundo morre e muda, 
E agora és triste e só como um cipreste, 
E como a campa jazes fria e muda. 

Esqueceste-te, sim, meu sonho querido, 
Que o nosso belo e lúcido passado 
Foi um único abraço comprimido, 
Foi um beijo, por meses, prolongado. 

E foste sepultar-te, ó serafim, 
No claustro das Fiéis emparedadas, 
Escondeste o teu rosto de marfim 
No véu negro das freiras resignadas. 

E eu passo tão calado como a Morte 
Nesta velha cidade tão sombria, 
Chorando aflitamente a minha sorte 
E prelibando o cálix da agonia, 

E, tristíssima Helena, com verdade, 
Se pudera na terra achar suplícios, 
Eu também me faria gordo frade 
E cobriria a carne de cilícios. 

Cesário Verde, Livro de Cesário Verde

Cesário Verde

Cesário Verde – Deslumbramentos

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Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.

Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes complicadas!…

Em si tudo me atrai como um tesoiro:
O seu ar pensativo e senhoril,
A sua voz que tem um timbre de oiro
E o seu nevado e lúcido perfil!

Ah! Como m’estontêa e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…

Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!

O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demónio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pêlo dum regalo!

Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d’Áustria mostrava aos cortesãos.

E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como um brilhante.

Mas cuidado, milady, não se afoite,
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão-de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.

E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei-de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos — as rainhas!

Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde