Meu bonequinho de carne
que, nas entranhas, teci,
bonequinho temeroso,
adormece junto a mim.
Dorme a perdiz no trigal
e ouve-lhe a voz de cetim.
Não te inquietem meus alentos,
adormece junto a mim.
Ervazinha tremedeira,
por que te assustas assim?
Não resvales de meus braços,
adormece junto a mim.
Eu, que tudo já perdi,
para dormir tremo assim.
Não resvales de meu peito,
adormece junto a mim.
Gabriela Mistral, Antologia poética