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Gianne Lorena

Gianne Lorena

Gianne Lorena – Poesia de pires

quando eu era criança
tanto ficava vermelha
que nem parecia
morena

mas o tempo espelha
outras pessoas
ideias e palrações

mudam-se os refrões e
p l u f t !
estou moída

escuto cada coisa…
porém, minha vida curta
é tomada e substituída
pela mesma
coisa

e vou e volto
envolta ao arroio
humanitário

– não sou adubo
mas parece interessante ser
perante o que escutei
daquelas todas
que prezam o ter –

estou de qualquer lado
sou um tanto amarga
e não sei por que
tem gente que não larga

dizem que vicia,
vicia nada!
vicia o vício
que a mente inicia
pensando
no mascavo ou
no cristal

não, não, não
eu prefiro o normal

ser cafeína
é quase ser ninguém
só me sinto gente
quando desperto
neblina
que, na bruma
do meu efeito
convém

 

Gianne Lorena, 6Universos

Gianne Lorena

Gianne Lorena – Monanto

apenas imaginar e imaginar
acima de nuvens afagadas
sob o céu de crepom, lilás:
árvores consagrando gargalhadas

em olhos, diamantados
a natureza e o homem de mãos dadas
sob todos os olhares
do maltrapilho ao elegante

à luz de florescentes flores
no branco, o notável:
risos e faces diferentes, errantes
sob o mesmo céu, consolável

e, aqueles, julgados loucos por dançar
mostrando a essência da vida
aos outros que fazem dela a desconhecida
apenas por não saber o que é imaginar

e imaginar

 

Gianne Lorena, 6Universos

Gianne Lorena

Gianne Lorena – falávamos sobre autonomia…

…sobre o tempo
sobre os nossos reencontros caseiros
e ele falavatãorápido
que pouco eu entendia
mas, concordei, fisgando olhares sorrateiros
vibração de pensamento, cosmologia…

rápidos dísticos sem rima:
essa conversa me tonteia
apaixona e reanima

e a falta de grana,
nos une numa intéra,
pra uma Natasha, pura
na rua ou na tua caixa?

num sábado, n’outra caixa, preta
sabe-se lá o que fazíamos lá
(tinha que pagar para entrar
e era um pub qualquer)
ele, acompanhado
de uma ruiva, que, sei lá…
e, eu, com meu novo namorado

lembrei da dancinha dele
e enviei uma mensagem
com um pedaço da musiquinha:
eu quero ser cool mas não sei se deve dar
só de ver toda essa gente aqui nesse lugar
e segui para o apê do meu namorado

e ele pro auê
do libriano
no rolê

 

Gianne Lorena, 6Universos

Gianne Lorena

Gianne Lorena – Da conduta, o desnorteio

“Já pensou? Em 2070, lembrarmos
da década de 70 que não vivemos?”

diálogo corriqueiro
daqueles meus, comigo:
o mundo e as naus que nele naufragam
precisam, urgentemente
de um estaleiro

exceder limites
transparece a beleza
pra quem vive

da mesma

vejo que esse tempo
é da libido
e de olhares vulgares
que não enxergam
que o amor
é para ser

sentido

Gianne Lorena, 6universos

Gianne Lorena

Gianne Lorena – Abril

no vinil
pelo universo, Jhon, diz:
– nobody ever loved me like she does…

lembrei
da madrugada de Abril
de quando Costinha tocava Strokes
de quando avisei
que não haveria fim

fitou,
e, como se não existisse o tempo
seguiu, me beijando
e, em quatro horas
eu me vi
amando

à face de me perder
e sem querer, querendo
me perdi no erro
e nele, persisti

gritei pelas ruas
chorei, com o peito ardendo
e esse tal erro
foi o acerto
que mais me fez

sorrir

Gianne Lorena, 6universos