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Ilya Kaminsky

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Ilya Kaminsky – Dos ca­sa­men­tos an­tes da guer­ra

Ilya Kaminsky

É, com­prei pa­ra vo­cê um ves­ti­do de noi­va que ca­be­ria em nós dois
e no táxi pa­ra ca­sa
bei­ja­mos uma mo­e­da, da sua bo­ca pra
mi­nha.

A pro­pri­e­tá­ria de­ve ter vis­to
man­chas sal­pi­ca­das nos len­çóis —
os an­jos se­ri­am mais ze­lo­sos

já eles, não. Ain­da sou ca­paz de es­ca­lar sua
cal­ci­nha, meu ra­bo
é me­nor que o seu!

Vo­cê dá ta­pi­nhas em meu tra­sei­ro,
Sor­ri —
que vo­cê ga­nhe na lo­te­ria e gas­te tu­do
com médi­cos!

Vo­cê é dois de­dos mais be­la do que
qual­quer ou­tra mu­lher —
não sou po­e­ta, Sonya,
que­ro mo­rar nos seus ca­be­los.

Vo­cê pu­lou nas mi­nhas cos­tas, eu
cor­ri pa­ra o chu­vei­ro,
e, sim, der­ra­pei no chão mo­lha­do —

Vi vo­cê bri­lhar no chu­vei­ro
se­gu­ran­do seus
sei­os nas mãos —
du­as pe­que­nas ex­plo­sões.

Ilya Kaminsky, República Surda – Tradução, Maria Cecilia Brandi