Você me diz:
“Pode-se aguentar tudo!”
Obstinado seu olhar contra o sol
até a cegueira transmutar-se em chamas
e as chamas transformarem o mar em sal
Amor
quero lhe dizer por entre a escuridão
antes que siga para a caverna
não esqueça de me escrever com suas cinzas
não esqueça de me dar seu endereço no além
As lascas de ossos riscarão o papel
os símbolos ficam espalhados
você se picará com o lápis quebrado
a noite, que não dorme no fogo
fará você se surpreender consigo
Uma pedra aguenta céu e terra
com ela batem forte contra minha nuca
pílulas brancas feitas de massa cinzenta
envenenam nosso amor
e com o amor envenenado
ele nos envenena
Liu Xiaobo, Não tenho inimigos, desconheço o ódio