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Paul Auster

Paul Auster

Paul Auster – Fala ígnea

Paul Auster

Defletes. Desmoronas.
Tu ficas.

Aninhado
no gongo da hora
que bateu pelo santo
doze vezes
mais calado que tu, algo, li-
berado por alguém,
resgata teu nome das brasas.

Tu ficas
de novo ali, respirando
sob o sol fantasma
entre gelo e devaneio.

Cheguei tão longe por ti,
a voz
que me volta em eco
não é mais minha.

Paul Auster, Todos os poemas – Tradução, Caetano W. Galindo

Paul Auster

Paul Auster – Canção dos graus

Paul Auster

Nos terrenos baldios
do solstício. Na luz
que apostaste contra o cascalho
da reverência pânica. Morros de areia:
vomitada em oração — a distância
comprada
em teu nome.

Tu. E então
de novo tu. Uma pegada
cede terreno: o que é mais
não há mais: nada
jamais foi
bastante. Tendas,
erguidas e quedas: escada
apoiada
em descanso de pedra: diáfanos
degraus auréolos
de fogo. Tu,
e então nós. A terra
não pede
ninguém.

Assim
seja. Tanto
melhor — tantas
palavras,
recolhidas e murmuradas no caminho
de teus joelhos beduínos, não vão
por mágica te pôr em casa. Nem
se rastejasses de dentro da pele
de teu irmão
irias além
do que respiras: anjo
nenhum pode curar-te
de teu nome.

Mínimos. Memória
e miragem. Em cada lugar
em que paras para respirar,
ergueremos uma cidade a tua volta. Pelo muro-
-crivo de estrelas
que se ergue em tua noite, tua alma
não passará
novamente.

Paul Auster, Todos os Poemas