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W. H. Auden

W. H. Auden

W. H. Auden – Quem é quem

W.-H.-Auden

Uma biografia de tostão dar-te-á todos fatos:
Como o Pai surrou-o, como ele bateu em retirada,
Quais as pelejas da sua mocidade, quais os atos
Que o tornaram em seu tempo figura tão afamada;
Como lutou, pescou, caçou, trabalhou noites seguidas,
Como, tonto, escalou novos picos, deu seu nome a um mar:
Escrevem mesmo alguns dos estudiosos da sua vida
Que, como eu e tu, amor fazia-o em prantos desatar.

Com todas as suas honradas, ansiava por uma
Que em casa se encontra, dizia a crítica boquiaberta;
Fazia pequenos consertos domésticos com jeito
E só; sabia assobiar; ficava sentado satisfeito
Ou zanzando à toa pelo jardim; respondia a certas
Longas, esplêndidas cartas, mas não guardava nenhuma.


W. H. Auden, Poemas

W. H. Auden

W. H. Auden – O agente secreto

W.-H.-Auden

O controle dos passos era, ele o via, a chave
Desse novo distrito, mas quem a obteria?
Ele, o espião experiente, meteu-se na armadilha
Para um falso guia, atraído pelos velhos truques.

Greenheart era um bom lugar para uma barragem
E energia fácil, se houvessem aproximado
Mais a ferrovia. Ignoraram seus telegramas:
Não construíram as pontes e lá vinha encrenca.

Agora, a música das ruas encantava
Quem passou semanas no deserto. Desperto
Pela água fugindo no escuro, várias vezes
Censurou à noite a ausência da companhia
Sonhada. Atirariam, é claro, separando
Facilmente dois que nunca se haviam juntado.

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W. H. Auden

W. H. Auden – A carta

W.-H.-Auden

Desde a primeira descida a um novo
Vale, com um franzir de sobrolhos
Por causa do sol e dos extravios,
Nele ficas, por certo: hoje ouvi o
Grito de um pássaro inopinado
Contra a tempestade, eu agachado
Atrás de um redil de carneiros; vi
O arco do ano completar-se e aí
Refazer-se o gasto giro do amor,
Sem fim nem desvio enganador.
Há de ver, há de passar, como vimos
A andorinha no teto, o verdeprimo
Arrepio da primavera, passou
Um trem solitário, que encerrou
As manobras de Outono. Mas ei-la,
Interrompendo a reflexão caseira,
O pensamento afeito ao entardecer,
A carta, a tua voz mesma a dizer
Muitas coisas, mas não que regressas.

O dedo não dorme, a fala não cessa
Quando amor recebe, bem amiúde,
Uma injusta resposta que o ilude.
Eu, a par das estações, vou indo
Sempre vário e com um amor distinto;
Não questiono em demasia o aceno
E o sorriso pétreo deste ameno
Deus rústico que tem receio, sempre,
De dizer algo mais do que pretende.

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