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William Blake

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William Blake – Canção

william blake

De campo em campo errava eu docemente,
Provando todo o orgulho do verão,
Até que, a deslizar na luz do sol,
Do Príncipe do Amor tive a visão!

Mostrou-me lírios para meus cabelos,
Rosas coradas para minha testa;
Guiou-me pelos seus jardins formosos
Onde cultiva uma dourada festa.

Molha-me as asas o rocio de maio,
Febo me insufla o estro vocal que evola;
Com sua rede de seda ele me apanha,
E no ouro prende-me de sua gaiola.

Agrada-lhe sentar-se e ouvir meu canto,
Depois brinca comigo, e zomba, e ri;
Depois, abrindo as asas minhas de ouro,
Mofa da liberdade que perdi.

William Blake – poesia e prosa selecionados

William Blake

William Blake – Introdução

william blake

A tocar minha flautinha
Pelo vale viridente
Vi nas nuvens uma criança. Disse-me ela, sorridente:

Toque a canção do Cordeiro! E eu toquei com alegria. Flautista, toque outra vez –
E chorou, enquanto ouvia.

Deixe a flauta, a alegre flauta, Cante canções de alegria. Toquei o mesmo outra vez
E o vi chorar quando ouvia.

Flautista, sente-se e escreva Num livro, que o mundo leia – E então desapareceu
E um caniço eu apanhei

E fiz dele a minha pena,
E turvei as águas mansas,
E escrevi canções felizes, Para alegrar as crianças.

William Blake, Canções da Inocência e da Experiência

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William Blake – De esboços poéticos

william blake

Anjo da tarde, de formosa cabeleira,
Agora que nos montes pousa o sol, acende
A tocha fúlgida do amor; põe a radiante
Coroa, e a nós sorri no leito vespertino!
A nosso amor sorri! E, enquanto puxas no alto
As cortinas azuis, esparze o teu argênteo
Orvalho em cada flor que fecha os doces olhos
No sono, em tempo certo. E durma o vento oeste
Por sobre o lago. O teu piscar fale silêncio,
Lave à penumbra tua prata. Muito cedo
Te vais, então ao largo se enraivece o lobo,
E o leão dardeja nos negrores da floresta.
Nossos rebanhos trazem teu sagrado orvalho
Na lã: com a influência tua,
vem, protege-os.

William Blake, Poesia e prosa selecionados

William Blake

William Blake – O limpador de chaminés

william blake

Eu era bem novo e minha mãe morria,
E meu pai vendeu-me quando eu mal
sabia Balbuciar, chorando limpa-dor
dor dor dor, Assim sujo e escuro sou
o limpador.

Aquele é Tom Dracre, que chorou na
vez Em que lhe rasparam a cabeça:
Vês – Consolei-o – Tom que é bom
não ter cabelo, Pois assim fuligem
não te suja o pêlo.

Assim se acalmou. E numa noite
escura Tom dormindo teve esta
visão futura, Que mil limpadores
Josés Chicos Joões Foram confinados
em negros caixões.

E então veio um Anjo com uma chave branca
E os tirou do escuro destravando a tranca.
E então entre risos ao campo saíram
E entraram num rio e ao Sol reluziram.

Sem sacos às costas, despida a
camisa Voaram nas nuvens, brincaram
na brisa; Disse o Anjo a Tom
que, se fosse bonzinho, Deus feliz
tomava-o como seu filhinho.

E Tom despertando foi na
escuridão Apanhar seu saco
mais seu esfregão, E saiu alegre
na manhã gelada.
Quem seu dever cumpre não receia nada.

 

William Blake, Canções da inocência e da experiência 

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William Blake – O Cordeiro

william blake

Cordeirinho, quem te
fez? Tu conheces quem
te fez? Deu-te vida e
alimentou-te.
Sobre o prado e junto à fonte;
Cobriu-te com veste pura
De lã branca que fulgura;
Deu-te a voz meiga e tão
fina Para alegrar a
campina: Cordeirinho,
quem te fez?
Tu conheces quem te fez?

Cordeirinho, eu te
direi, Cordeirinho, eu
te direi;
Por teu nome ele é chamado,
Pois assim se tem
nomeado: Ele é meigo e
pequenino,
E um dia se fez menino:
Cordeiro tu e menino eu,
Nos une um nome que é
Seu. Cordeirinho, Deus te
guarde,
Cordeirinho, Deus te guarde.

William Blake, Canções da Inocência e da Experiência