Lulu, lulu, lulu, lulu
vou fazer uma cantiga
para o anjinho de São Paulo
que criava uma lombriga.
A lombriga tinha uns olhos
de rubim.
Tinha um rabo revirado
no fim.
Tinha um focinho bicudo
assim.
Tinha uma dentuça muito
ruim.
Lulu, lulu, lulu, lulu
vou fazer uma cantiga
para o anjinho de São Paulo
que criava essa lombriga.
A lombriga devorara
seu pão
a banana, o doce, o queijo,
o pião.
A lombriga parecia
um leão.
E o anjinho andava triste
e chorão.
Lulu, lulu, lulu, lulu
Pois eu faço esta cantiga
para o anjinho de São Paulo
que alimentava a lombriga.
A lombriga ia fiando maior
que o anjinho de São Paulo!
(Que horror!)
Mas um dia chega um
caçador!
Firma a sua pontaria,
sem rumor.
Lulu, lulu, lulu, lulu
paro até minha cantiga
sobre o anjinho de São Paulo!
A espingarda faz pum pum!
pim pim!
O anjinho abana as asas
assim,
A lombriga salta fora
enfim!
(E foi correndo! E tocava
bandolim!)
Cecilia Meireles, Ou Isto ou Aquilo