Onde estão as violetas?
Na mão de etéreos meninos
Que enterram flores na areia,
Na areia consecutiva.
Túmulos de beija-flores
São essas vagas colinas
Sem consistência nenhuma
Sob as mãos inconsistentes
Que vão plantando violetas,
Violetas consecutivas.
Mudam de cor as violetas,
Vão sendo róseas e brancas,
E irão desaparecendo
Por ilusórios caminhos
Como, sem rosto, os meninos,
Meninos consecutivos.
Em tempos consecutivos
Quem pode ver esse mundo
Só de meninos, areias,
Túmulos de beija-flores
E sombras de violetas?
Cecília Meireles, Palavras e pétalas