Charles Simic – Noite de ventania

Este mundo velho precisa de uma escora
Quando fica assim frio e com essa ventania.
Os cenários engenhosamente pintados,
Ah, como balançam!
Estão prestes a despencar.

Não haverá nada senão espaço infinito.
O silêncio supremo. Silêncio todo-poderoso.
Céu egípcio. Estrelas feito tochas
De ladrões de túmulos entrando nas criptas dos reis.
Até o vento faz uma pausa, esperando para ver.

Melhor se agarrar àquela árvore, Lucille.
Sua forma fendida, aterrorizada.
Eu me agarro no celeiro.
As galinhas estão agitadas.
Galinhas sábias mundo estragado.

Charles Simic, Meu anjo da guarda tem medo do escuro – Tradução, Ricardo Rizzo